Quando a disciplina Políticas Públicas apareceu, veio de
mãos dadas com sua irmã Políticas Públicas Comparadas. Comparar situações de
países distintos é uma maneira sábia que cientistas e políticos encontraram
para levantar hipóteses e procurar soluções para problemas que têm que resolver
no dia-a-dia. Entretanto há um risco em comparar Políticas Públicas em locais e
países diferentes. Esse risco é não levar em conta as peculiaridades de cada
sociedade.
Uma das comparações mais frequentes é entre as políticas
públicas de educação do Brasil e da Coreia. Os dois países estavam no mesmo
patamar de desenvolvimento econômico no final dos anos 1960, com renda ou PIB per capita equivalentes e hoje a renda
coreana é muito maior do que a brasileira, diferença ocasionada pelo
desenvolvimento correto da política pública de educação coreana.
Antecipo desde já que não conheço nada da sociedade coreana,
mas esse artigo não é de análise da educação da Coreia, mas de condições
sociais para desenvolvimento de Políticas Públicas. Mas vamos lá.
A sociedade coreana, me parece, é muito mais homogênea do
que a brasileira. Por homogênea, entende-se com menos diferenças de origem e
menos preconceito. A sociedade coreana, me parece, tem um padrão de exigência
de qualidade, de desempenho, de compromisso e de resultados, em tudo, muito
maior do que o brasileiro.
Nessas condições, o alto investimento em educação deu
resultado expressivo. Quero ressaltar que sou favorável ao investimento na área
de educação no Brasil. Quero os 10% do PIB para educação pública (LDB que está no
Congresso para ser votada) e quero também que os royalties do pré-sal irriguem a educação, mas só dinheiro não
basta. Corremos o risco, no Brasil, da educação vir a ser um novo sistema
judiciário: cara e ruim.
Voltaremos a isso muitas outras vezes.
p.s. Um outro dado que podemos usar é que tem muito mais
coreano no Brasil do que brasileiro na Coreia. Não sei bem o que isso
significa, mas serve para pensar.
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