Depois das manifestações de rua ocorridas nesse mês de junho
de 2013, alguns governos começaram a implantar transporte gratuito para
estudantes e, no Senado, começa a tramitar um projeto com essa intenção.
Trata-se de uma boa política pública?
Desde logo partimos do princípio que o sistema econômico, bem
como a gestão do Estado, como estão estruturados, não permitem que o Estado
ofereça todos os serviços. Falta dinheiro.
Então a sociedade deve escolher e analisar os efeitos de
cada política. As perguntas iniciais para isso são:
A quem a política beneficia?
Qual o benefício que essa política traz para toda a sociedade?
A comparação das respostas nos dirá se a PP proposta é ou
não prioritária.
A quem a política pública de gratuidade do transporte
beneficia?
Há duas propostas no ar: a primeira de política pública
universal, em que o transporte urbano seria gratuito para todas as pessoas.
Essa política teria um efeito primeiro que seria o incentivo ao transporte coletivo,
que certamente teria que melhorar de qualidade (São Paulo é meu parâmetro) para
que a vantagem, de fato, ocorresse, caso que exigiria ainda mais investimento
do Estado.
Caso houvesse o incremento de investimento na melhoria da
qualidade do transporte coletivo, teríamos, como externalidade positiva, um
impacto na qualidade do ar (São Paulo, novamente). Ponto para a gratuidade.
Também traria um alívio para as empresas que deixariam de pagar
vale transporte para seus funcionários. Lembremos que esse não é um imposto, é
benefício ao trabalhador. Tristes ficariam somente os trabalhadores que,
apesar de receberem o vale transporte, vão ao trabalho de carro, mas eles que
migrem para o transporte público, que será bom.
Até agora, não há descontentes: a política é boa para todo
mundo. Onde está o dinheiro para implementa-la? Além do custo de manutenção do
atual sistema – estimado em R$ 6,5 bilhões – teríamos aumento da demanda e o
necessário investimento para atender essa demanda e, quem sabe, uma melhoria do
sistema. Vamos chutar R$ 8 bilhões anuais? Isso é muito dinheiro.
Vamos ver quais são as outras políticas públicas importantes
na cidade de São Paulo e como está seu financiamento. Saúde, Educação,
Assistência Social, Moradia, Saneamento, Segurança Pública (Justiça não entra
nessa conta pois o orçamento da Justiça é independente, não sai do Poder Executivo). Além das políticas públicas, uma
cidade como São Paulo tem um conjunto de outros gastos importantes de manutenção:
limpeza e conservação das ruas, manutenção do asfalto, iluminação da cidade,
coleta de lixo.
Há possibilidade de apertar o orçamento de todas essas
políticas públicas e encaixar o transporte público gratuito? Teríamos que
estudar o orçamento da cidade de São Paulo e das outras cidades da região
metropolitana e também a parcela do Estado de São Paulo nessas cidades, par
saber a viabilidade dessa proposta.
Essa é só a primeira dificuldade. Amanhã tem mais.
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