Heitor Battaggia
Já há semanas temos acompanhado as diatribes de Félix na
novela Amor à Vida e também às
manifestações de rua no Rio e em São Paulo.
O autor da novela criou um falso dilema em que uma família rica,
educada, mundana e internacional se importa com o fato do canalha ser
homossexual e não se importa com o fato do homossexual ser canalha: uma
inversão de valores incompreensível. Tem coisa muito errada nessa história.
A opinião pública e a imprensa repetem a rica família da
novela. Há semanas temos assistido um conjunto de falsos democratas promovendo
manifestações que - vejam vocês que azar – acabam infiltradas por malvados
vândalos mascarados que promovem atos de violência de depredação de bancos,
agências de carros e, agora, farmácia de cosméticos: instrumento da
globalização internacional do peito de silicone e dos cílios postiços.
A ingenuidade desses falsos democratas é tão falsa quanto a
família da novela. Juntam-se em apenas duas centenas, às vezes menos, e
sentem-se no direito de atrapalhar a vida de milhares de pessoas que estão
voltando para seus lares (manifestação com menos de 1 mil não poderia interferir
na cidade. Precisa encher o vão do MASP antes de interromper a rua).
Esses movimentos não têm caráter reivindicatório, não
conseguem apresentar uma agenda, não têm a menor representatividade na
sociedade e não são ingênuos. Continuam se resumindo a 200 pessoas e incorporam
em suas manifestações o vandalismo que depreda patrimônio público e privado, caso
contrário não seriam sequer notícia. Não são dois grupos: um promotor da
manifestação e outro – infiltrado – promotor da violência. É um grupo único que
convida e esconde entre seus membros os depredadores.
Quem compõe esse grupo? Não sei, mas tenho algumas
suspeitas.
1 - Quem tem possibilidade de se manifestar todos os dias? Ninguém
trabalha nesse grupo?
2 - Só branquinho classe média provoca a polícia, picha viatura
e coloca a prisão no currículo. Gente da quebrada, longe da proteção da grande
mídia (condenada por eles), sabe que a vida é dura.
3 – Manifestação sem reivindicação não é política, é
canalhice. Pedir nas ruas de São Paulo a renúncia do governador carioca não é
ingenuidade.
Esses manifestantes ficam o tempo todo provocando a polícia
em busca de uma vítima maior. Condenam a ação policial e, mais tarde, na frente
das câmaras de televisão que só se mobilizam graças à violência e depredação,
condenam também a ação desses violentos que eles convocam.
Acreditar neles é acreditar que a família da novela não
toleraria um homossexual e acreditar que existem vândalos infiltrados nas
manifestações pacíficas é acreditar na teoria da bicha má que ninguém tinha
notado.
A outra hipótese é que existem duzentas bichas más de novela que
toda noite enchem o saco da paulicéia ingênua e desvairada.