sexta-feira, 5 de julho de 2013

A coisa certa pelo motivo errado.

Heitor Battaggia
 
Em sua mais recente crônica semanal publicada no jornal Folha de São Paulo, intitulada “Gays e Heterossexuais Incuráveis” (http://drauziovarella.com.br/sexualidade/gays-e-heterossexuais-incuraveis/) o médico Drauzio Varela faz um longo comentário sobre o projeto conhecido por Cura Gay, aprovado na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

O sempre correto Dr. Varela, numa linguagem clara e bem escrita, elenca um conjunto de argumentos para mostrar que a homossexualidade é mais comum do que pensam os mais fervorosos fundamentalistas religiosos. Mostra que está presente em muitas sociedades, fala sobre pesquisas já consagradas e, a partir de um conjunto convincente de números, mostra que as relações sexuais entre pessoas do mesmo gênero é uma prática antiga e consagrada em diversos agrupamentos humanos.

O Dr. Varela erra quando defende – e não é o primeiro a faze-lo - que a homossexualidade deve ser aceita, entre tantos argumentos, por que existe até mesmo entre animais. Em outra palavras, a homossexualidade é natural. Discordo desse argumento.

Nem sei se ratos, coelhos, martas, carneiros, cavalos e quantos outros bichos mantêm essa prática, mas entre os humanos a prática homossexual deve ser aceita porque ela é escolha. As pessoas escolhem manter relações prazerosas com pessoas do mesmo sexo. Elas poderiam suprimir o desejo, e não o fazem, e ninguém tem nada como isso.

Uma das coisas que nos humaniza é, entre muitas outras coisas, o freio que nos impomos quando nossos desejos naturais/animais interferem no destino de outras pessoas. Até mesmo o desejo sexual. Todas as sociedades têm “mulheres proibidas”, quer por conta do mito totêmico, da família, do clã ou da idade.

O bom professor Varela não ficaria feliz se a cada nova aula que ele ministrasse, e foram e serão muitas, os machos urinassem nos cantos da sala demarcando seu território, prática comum na natureza. Temos certeza que o cidadão Drauzio Varela condena o estupro e o sexo com incapazes, prática também corrente na natureza.

A homossexualidade humana deve ser respeitada quando praticada consensualmente entre parceiros que se sintam felizes em sua prática. Simples assim. Trata-se de um assunto privado que somente aos seus praticantes interessa.

O deputado Feliciano – ou qualquer outro cretino de plantão – tem tanto direito de condenar o relacionamento homossexual quanto de dizer quais são as posições sexuais adequadas e inadequadas que cada um de nós deve manter com a patroa ou com o marido.

Em outras palavras, vá pentear macacos (desde que eles queiram).

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